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  • Regina Menezes Loureiro

História em sala de aula é a literatura exercendo uma de suas múltiplas facetas.

Um texto literário, lido ou em forma de contação de histórias, conquista de imediato o ouvinte/leitor. Assim a história exerce seus objetivos enquanto expõe novos caminhos para além da imaginação e socializa pessoas de diferentes meios e territórios; liga e conjuga o ontem com o hoje e projeta o cidadão a um outro lugar, assim como, para um outro tempo.

A leitura histórica leva o leitor a desejar conhecer novas culturas. É fonte de inspiração para escritores que desejam desvendar o mundo em transformação.

Literatura histórica é reflexão, é alimento da alma.

É despertencimento! O sujeito sai da zona de conforto, se entrega, volta-se para o outro e retorna mais enriquecido e criativo para uma volta mais prazerosa ao seu Eu!

Com um livro na mão, o leitor coloca-se em movimento, parte do hoje para o passado e constrói o futuro. Pode até chegar ao mar ou às montanhas de uma terra distante, aprecia a história e as origens da sociedade.

Quando o sujeito se apropria do conhecimento histórico/científico, se desenvolve socialmente, conhece a cultura de outros povos e é capaz de exercer com maior clareza os seus direitos e deveres. Está pronto para exercer responsabilidades como cidadão.

O conhecimento histórico literário possibilita enfrentamentos seguros e responsáveis para a compreensão e possíveis soluções para aspectos da realidade.

Quando eu apresentava algum texto nas aulas de história para meus alunos do ensino fundamental muitas vezes ouvia: - isto aconteceu realmente?

Cabe a nós, escritores e agentes de mudanças, descobrir novas e diferentes abordagens didáticas para trabalhar, propiciando uma abordagem significativa, considerando os ouvintes como pessoas capazes de discernir de forma consciente o conhecimento adquirido.








  • Regina Menezes Loureiro

A alegria dos pássaros em minha varanda, é contagiante.

A felicidade está ali e eu aprecio a liberdade! Quanta paz!

Observo a natureza em forma de um beija-flor viajante

e penso - nada supera a segurança que a natureza nos traz.


E nossos rios, nossas montanhas e o sertão?

Só dor... só dor... só dor...


Preserve, a natureza e grite bem alto.

Não é preciso ser sábio para compreender, e eu corro,

quando vejo pássaros famintos ou animais no asfalto:

- a natureza fragilizada que clama por socorro.


De que a natureza Precisa?

de amor... de amor... muito amor.


A natureza bate em sua porta e você brincando

de pés no chão, roupa de chita, correndo pela campina,

vento no rosto, goiaba no pé, pássaros cantando:

- quem poluiu nossa terra? E o eco responde:


Quem chegou e desfez a natureza?

O homem... o homem... o homem...


- Mãe Natureza geme quando está com fome?

A Amazônia está aqui, ainda com seu esplendor

mas o humus em nossa terra, onde andará?

O que restará do nosso pão, meu nosso Senhor?


Quem disse? O sertão vai virar deserto?

O homem ... o homem ... o homem...


Devastando como estão, só tristeza restará!

O que fazer para a natureza manter sua beleza?

Quero viver livre, leve e solto, sem aves de rapina

porque a natureza viva é a nossa maior realeza.


Quem vai salvar a natureza?

O homem... só o homem pode salvar a natureza.



Acordei bem cedo, hoje é uma sexta-feira ensolarada e sol ainda vem surgindo. Tenho uma missão a cumprir: ir a Itaguaçu conhecer a Pedra dos Cinco Pontões e registrar minhas impressões nesta visita à Serra do Caparó. A caminhada será longa, mas creio, será muito gratificante.

Depois, eu conto.

Os companheiros de caminhada, eu encontro pela estrada. A Mulata já está toda equipada para longa viagem: a grade de proteção de farol, para-brisa alto para evitar que pedras na estrada atinjam o motorista, pneus próprios para asfalto e terra, GPS, proteção de mão, antena contra pipa, reservatório de óleo protegido, bagagem bem segura, celular para registros...

São seis horas, partindo para mais este passeio.

A estrada é asfaltada até Itaguaçu. Para chegar lá, seguirei pela Br 101 até o município de Fundão. A seguir tomarei a Rodovia Josil Espindula Agostini. Esta viagem é sempre muito agradável, entre montanhas e serras verdejantes, cafezais, cachoeiras e riachos, observatórios e mirantes. A natureza em seu esplendor se descortina em todo o percurso. Não vou esquecer de mencionar a importância dos produtos da terra de Santa Teresa, cidade que possui exuberante biodiversidade, está localizada entre montanhas e com grande parte de seu território coberto pela Mata Atlântica.

Vou pelo caminho que passa por Fundão para visitar um laticínio que fica bem no início da serra e ali comprar uns queijinhos. Quero sentir o friozinho da serra apreciando os vinhos e queijos da terra.

É grande a sensação de liberdade que sinto dirigindo em segurança em boas estradas. Devo chegar a Santa Teresa por volta das 11 horas. Será a primeira parada para pernoite. Em Santa Teresa, a Doce Terra dos Colibris, também chamada “Cidade Beija-flor do Espírito Santo” descansarei. Santa Teresa está a 700m do nível do mar. Assim é chamada graças a abundância destas aves na região e também porque ali nasceu e viveu Augusto Ruschi, pioneiro nas pesquisas com beija-flores e fundador do Museu de Biologia Professor Mello Leitão.

Santa Teresa é famosa também por sua colonização italiana. Inclui no meu roteiro museus, casas históricas vinhos e muita comida boa.

A cidade não tem muito movimento durante a semana. Ideal é organizar a viagem para final de semana e participar dos eventos que acontecem na Rua de Lazer. Em minha visita à cidade tocarei trombetas aos imigrantes povoadores da região e, após um lanche, subirei mais a serra para avistar, lá longe, a região de Pedra Azul e praias de Guarapari. Pretendo fazer este roteiro com calma para apreciar as belezas de nosso Estado

Visitarei a Igreja Matriz, construída por imigrantes italianos, em 1906. Fica numa parte alta, ao lado da Rua de Lazer e está muito bem conservada. Contam os mais antigos que o local, onde construíram esta igreja, era o espaço onde os primeiros habitantes, imigrantes italianos, se reuniam e faziam suas orações a Santa Teresa D’ávila.

Bem no centro da cidade está o Museu Professor Mello Leitão, um oásis de natureza que encanta todo visitante. Um riacho corta a área, e passa bem em frente da casa dos beija-flores, local de estudo e pesquisa de Augusto Rusch.

Logo na entrada do Museu, a Galeria Cultural Virgínia Tamanni é local de exposições e reúne produtos da Terra, como artesanato, biscoitos e vinhos, e você pode comprar suas lembrancinhas.

O Museu de Imigração Italiana fica no segundo andar do prédio e tem um acervo riquíssimo sobre a história dos imigrantes.

A Casa Lambert, hoje tombada pelo Conselho Estadual de Cultura, como Patrimônio Histórico Estadual, foi construída pelos irmãos Lambert usando pau e barro da região. Com dois andares, o dormitório ficava na parte de cima. À noite, eles suspendiam a escada que era de madeira e cipós porque a região tinha muita mata com muitos animais pelas cercanias. Em 1940, a casa foi reformada. Construíram mais um cômodo, agora de tijolos. Hoje funciona como museu/casa da memória e você pode apreciar sua história, contada em forma de cordel.

Um local também muito interessante é a Cantina Mattiello que chama atenção pela fachada por onde se entra através de barris de vinho. O carro chefe da casa é o vinho de jabuticaba que a família Mattiello iniciou sua produção de vinhos.

Por uma estrada de chão batido, bem cuidada, é possível percorrer o Circuito Caravaggio. Visitarei a vinícola Tomazelli, um lugar tranquilo, que oferece vinho bom, suco de uva. O restaurante é familiar e tem ótimo atendimento. Uma ótima opção para passeios com a família. As parreiras em torno do restaurante estão bem carregadas, neste período do ano. Numa adega com vinhos variados servem goles para degustação com a opção de compra de um bom vinho. Eu sempre me encanto com os vinhedos e com parreiras em produção.

Após fazer minha refeição, saio agora da vinícola, para chegar ao final da caminhada.

Cheguei ao alto da subida. Observei com espanto a rampa de voo livre, a 915 m de altitude com espaço de voo de até 8 km extensão. Registro o cenário e ao observar o salto de um atleta, fico a imaginar as aventuras que me aguardam, quando subir o Cinco Pontões.

Para quem aprecia as emoções de um esporte radical este é local perfeito. E para a emoção do turista, o visual causa uma sensação indescritível, quando se avista todo o vale do Canaã e se sente pequeno diante da natureza em toda a sua grandiosidade.

Sigo viagem. Desço a serra do Circuito Caravaggio direto para Itaguaçu, e subir Pedra dos Cinco Pontões e conquistar mais um ponto ao desafiar a minha montanha preferida.

Ficarei hospedado na Pousada Recanto da Pedra Cinco Pontões, porta de entrada para conhecer o Cinco Pontões de um ângulo diferente. É lugar ideal para quem curte a natureza e a aventura em trilhas de montanhas. Esta exuberante formação rochosa é uma das mais espetaculares do Espírito Santo e fica entre os municípios de Itaguaçu e Laranja da Terra. Para atingir o seu ponto mais alto de 1.250 metros, é preciso dominar a técnica de escalada. Dali se contempla uma vista espetacular. O local reúne histórias dos jesuítas e índios que por lá habitaram, deixando ouro e riquezas escondidas por entre pedras e vegetação.

Naquela manhã estival, a pousada serviu um café simples, mas muito saboroso. O sol já aparecia mais brilhante e o vento estava mais ameno. Lá de cima observei que Itaguaçu modorrava. No límpido azul logo o astro rei espalhou seus raios de fogo por sobre campos, montanhas e matas. Com o calor e a claridade da manhã, pequenos animais abandonavam seus refúgios e as aves se alvoroçavam no refrigério das verdes ramadas, assustadas com a presença humana em seu oratório.

Eram sete horas quando pegamos a trilha que nos levaria ao ponto mais alto dos Cinco Pontões. A caminhada é toda feita em terrenos da pousada, portanto passamos por uma propriedade particular.

A Pousada fruto de um negócio sério que a família gerencia com cuidadoso zelo e de administrada com responsabilidade. Os proprietários da Pousada se especializaram em cursos e sabem muito bem receber turistas para esta aventura. Vale a pena conferir.

Para chegar ao ponto mais alto da pedra, caminhei a pé, às vezes bem ligeiro por 40 minutos, sempre acompanhado por experientes guias. Para chegar até o pico, o percurso é feito através da linha forrada, com equipamentos de segurança e orientação dos técnicos. É preciso usar calça, tênis ou bota, protetor solar, agasalho e levar água na mochila. O tempo no local é inconstante e o frio pode chegar a qualquer momento.

Os proprietários da Pousada tomam conta da Rampa De Voo Livre de Itaguaçu e quem quiser pode se inscrever e participar de campeonatos de parapente. O local é palco de esportes como base jump, high line e parapente.

A aventura até o topo da Pedra, pode ser feita por pessoas de todas as idades, para apreciar a paisagem durante a subida, o contato com a natureza intocada. O esforço é compensador e depois a recompensa pelo esforço empregado modifica qualquer cidadão. Divisar o mundo do alto nos dá a dimensão de nossa pequenez e ao mesmo tempo a superação de nossos medos. Vencendo os desafios físicos e mentais vem a sensação de conquistas, aprendemos um pouco de nós, do mundo e dos semelhantes. Tudo é muito gratificante.

As montanhas sempre mudam, são novos desafios para um montanhista e tudo o que ele aprende é também exercício para vencer na vida. O difícil, é colocar um pé depois do outro, porque as montanhas são implacáveis e não obedecem a nenhuma autoridade. Visualizamos que estamos submersos nas trincheiras da vida moderna e que para vencer é preciso saber enfrentar com galhardia o frio das relações humanas, a falta de ar pelo cansaço da subida, os desgastes emocionais e o fracasso pelo esforço da subida em busca da vitória final.

Tudo que relato eu vivenciei ou conclui de relatos que ouvi. Somente um montanhista que escala o Cinco Pontões em Itaguaçu pode descrever as belezas e sensações vividas diante das belezas do lugar.

Estou agora num barracão ouvindo mais alguns relatos dos esportistas, dos técnicos e dos guias que por ali descansam.

É uma tarde ensolarada, o vento sopra brando sobre a vegetação, céu de um azul sem nuvens, e escrevo estas memórias, sentada em um banco de madeira, de um barracão rústico. Sobre a mesa um pastel de carne e vinho da terra. Gravo outros relatos de atletas que chegaram da escalada e preparavam, para guardar, o material usado na escalada. Imagino ainda, o que pode sentir um bravo que passa de um pico a outro da gigantesca pedra, equilibrando-se em um fio, que daqui, sentada num banco de madeira, mais parece uma pequena ave que sobrevoa por entre os Cinco Pontões.


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