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  • Regina Menezes Loureiro

A Vovó Filhinha era mesmo muito especial. Todos a chamavam de Dindinha. Não sei o porquê... eu, não a chamava assim.

Sempre encolhidinha

mãos postas sobre altar

Jesus Cristinho

a adorar.

Era muito religiosa. Parecia estar sempre em contato com o seu Deus. Devota de Santa Teresinha, seu espírito em orações zelava pela felicidade de todos. Quando ganhou seu primeiro rádio a pilha, muito contrita não deixava de rezar, todos os dias, de joelhos a Ave-Maria e ouvir as notícias da guerra porque seu filho Criso estava lá, representando nosso País. Era radiotelegrafista das forças aliadas. Conta-se que um dia, desesperada, fez promessa à Santa: que recebesse um aviso que aquietasse seu coração de mãe. Precisava saber se teria ainda seu filho vivo. Recebeu um ramalhete de rosas vermelhas iguais as que enfeitam a imagem da Santa. Eram iguaizinhas... mas como se dessas flores não se encontrava ali!

Mãe!

Mulher,

fermento de todas as transformações.

Mesmo submissa quando o destino lhe era implacável,

sabia exatamente como escrever o livro da vida

na infinita humanidade

que se agigantava em suas entranhas.

Tem chamado nossa atenção o grande enfoque que a mídia dá aos aspectos negativos do comportamento social do jovem e o destaque menor aos movimentos deste mesmo jovem como cidadão participativo e responsável assumindo posturas decisivas na construção de um mundo melhor.

Hoje os jovens assumem responsabilidades. Mais cedo respondem por seus atos.

Uma jornada tão variada e importante de incentivo e preparação ao jovem como a proposta pela Prefeitura de Vitória merece nossos aplausos mas só se sustentará no confronto de outras diversas experiências já implantadas em nosso estado. Para estimular a discussão, sugerir reflexões e garantir os objetivos propostos é preciso conhecer os resultados de projetos já implantados com muitos deles já alcançando excelentes resultados.

Toda civilização democrática se origina da pluralidade de agentes educativos que precisam conhecer as necessidades da sociedade para responder corretamente às expectativas da comunidade social e influir positivamente sobre a formação das novas gerações. Uma sociedade democrática auxilia e controla as ações governamentais.

Qualquer sistema educativo oferece à comunidade serviço indispensável por isto deve integrar recursos e empreedimentos humanos e materiais que garantam a eficiência de projetos de construção da Pátria Grande que sonhamos.

Muitas esperanças estão depositadas no projeto da municipalidade e para o pleno sucesso só resta a todos colocar a mão na massa lembrando que educação sustenta a democracia enquanto atitude: na família, nas ruas, escolas no dia a dia.

BRINCADEIRA DE CRIANÇA

Ah! lembranças dos verdes mares, das praias de areias brancas... os piques e companheiros, banhos no rio Formate, pescarias de peneira, dos sussurros de duendes, da lagarta em seu casulo, da formiga trabalhadeira...

Tudo guardado numa caixinha de fósforo sem esquecer nem perder um só devaneio. Todo momento especial aconchegado, enrolado, arquivado para ser aberto, revivido em momentos especiais como lembranças de um convívio que pode ser legal.

Era uma vez... quando eu era pequenina do tamanho de um botão, guardava papai no bolso e mamãe no coração...

Não havia televisão. Rádio? só na bateria pra gente grande.

O coração batia forte quando a noite chegava e a mamãe não aparecia...

Trovoada? dava medo que nem bicho papão!

Nas lojas de Vitória não havia brinquedos comprados. Brinquedos de loja só para uns, e bem poucos...Carrinhos de lata, bonecas que nem Emília era a alegria da garotada. Brincadeira de roda, pique, amarelinha, soltar pipa, jogar belisca, bolinha e pião... tudo feito por mãozinhas, aprendidos com os maiores.

Jogo de botão ficava lindo! Feito com esmero e casca de coco seco, raspado com caco de vidro, era amado, lustrado, acariciado com flanela até ficar bem brilhante. Uma belezura! E havia até exposição para escolher o mais bonito.

E não me venham falar brincadeira de menino!

Quando se achava um pedaço de mármore era hora de construir as beliscas. Ficavam redondinhas e todas iguais. Construídas com carinho eram ainda mais amadas que os saquinhos de areia feitos pela vovó Mãezinha.

Bolas de gude! verdes azuis, brancas, amarelas como lindo carrossel. Pode existir jogo mais belo e divertido? A gudeira era procurada com persistência de craque. A mais disputada tinha tamanho certo e pintura de artista. Dava status a quem a conquistasse.

Bonecas? Recortava-se de revistas as fotos mais bonitas para vestir com trapos coloridos e compor a Emília de cada sonho. O sabugo de milho seco e debulhado tinha vida na fértil imaginação infantil. As meninas faziam comidinhas, enfeitavam a casa no maravilhoso mundo do faz-de-conta (como do Visconde de Sabugosa e da Emília do Lobato).

E os animais feitos de batata e palitos? Tinham vida as fazendas e os sítios povoados por estes seres fantásticos.

As caixas de fósforos eram como caixinhas de surpresas. Sonhos, mistérios guardados, envoltos em papel de simples cor, com muita imaginação eram trenzinhos, caminhões ou mobília completa para a casinha das bonecas. Fazia-se também avião, cadeira ou mesa.

Com apenas uma caixa vazia guardava-se os sonhos, as inquietações e rumores que amedrontavam. Fantasias da infância, amores adolescentes que não voltam mais.



  • Regina Menezes Loureiro

O poeta ao poetar transpira emoção. É ser refulgente. Embeleza o mundo, reconstrói o

real trabalhando o imaginário. Busca no outro o amor sublime da vida, a rosa

oculta no jardim, a melodiosa tarde empassarada...

Admira o belo! Simplesmente, o belo sem julgamentos,

nem sei se por intuição ou se por conceitos racionais, mas admira.

Vai além... muito além...

Além da Terra, além do céu, fora do sistema Solar.

Poeta é um ser iluminado capaz de ouvir o farfalhar de folhas orvalhadas,

o marulhar de águas encantadas... O ruído de Sol ao nascer, um coração solitário a bater.

Poeta é um prosador iluminado? Ou iluminado é o prosador que se ilumina no poeta?

A todos digo sinceramente, não se espantem, é segredo meu, mas vou contar:

_ Possuo um cofrinho que guardo como tesouro,

trancado com sete chaves,

bem lacrado com fios de ouro.

Nele prendo meus ais,(onde estão os deuses meus?).

As dores do meu viver (qual será o meu caminhar?).

As alegrias liberto sempre

(para encantar o mundo desencantado),

só prendo a negritude.dos dissabores.

Às vezes, de tão cheio, meu cofrinho quase se rompe.

Com cuidado, eu o abro, de..va..ga...ri...nho...

Liberto um a um os demônios,

brinco com eles,

domino-os

e me deixo conduzir.

Liberto o imaginário...

Escrevo..

Escrever faz parte, é incontrolável,

direito irreprimível, irrenunciável, intransferível.

Os textos brotam,

tomam o caminho da respiração.

É a necessidade de me expressar,

combater conflitos e dramas humanos,

pela palavra, recrio a vida

para não me deixar explodir...

Depois?

Depois retorno, leve, livre, solta encontro horizontes,

revivo o Sagrado.

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